Another Life~


Estava no voar, voar, subir, subir antes de ver-me no descer, descer, cair, cair. Ainda quase virei uma omelete bem esmagado com ele começou a andar na minha direção com uma flor. Minhas pernas ficaram trêmulas e eu quase me direcionei ao chão. Gostava dele há tanto tempo... Vê-lo tão perto me agonizava.

Estava tão distraída observando as coisas ao meu redor, que nem sequer notei minhas amigas discretamente olhando para ele e logo para mim, e aquilo se repetindo em um ciclo longo e vicioso - como se tal não fosse acabar. Deveria ter notado. Mas sou anta demais para isso.


Foi ainda pior para mim quando ele veio perguntar-me aonde se encontrava minha irmã, dois anos mais velha. Deu-me uma louca e única vontade e estapeá-lo em vez de contar-lhe onde ela encontrava-se. Ele estava fazendo este jogo com meu coração e mente há dias.

Para ele, deveria parecer algo realmente divertidíssimo, pois saía sorrindo toda vez que o fazia. Senti-me ainda mais estúpida quando minha irmã passou toda esbelta ao nosso lado - jogando os cabelos por todos os lados e esbanjando o perfume que passara para vir até a escola e passar o dia todo por lá.

Digo lá, pois aquele perfume me dá nojo. Eu fiquei com tontura e simplesmente desmaiei, podendo ainda ouvir o "Não sabia que minha beleza era tanta." de minha irmã, que sempre foi bastante modesta em relação a si mesma. Como sempre, apenas para variar.



Em contra posição á minha irmã: assim que acordei na enfermaria da escola, lá estava ele. Sentado bem ao lado na cama extremamente alta na qual estava. Bem agasalhado e com meu material ao seu lado, e ainda o dele. Isso só poderia indicar que eu sairia, certo?

Estava loucamente louca para sair daquele lugar e livrar-me de minha irmã o mais rápido possível. Mas para a minha linda vida, lá estava ela, bem ao lado oposto da sala a mim. Deitada em uma cama idêntica a minha, mas com uma flor ao lado.

Comecei a raciocinar e ver que talvez aquela mochila não fosse minha. Eu já estava cheia dela e dos outros. Era eu, sempre, a ovelha negra da família. Ficava sempre por último, era ignorada e a culpada sobre tudo que ocorria ali. Tudo por ser adotada, por não saber de onde vim...



Não valia a pena estar em uma família onde se é tradada da forma que era. Já havia pensado deveras vezes em fugir, sair daquele lugar repugnante e viver uma vida própria, isolada. Pensar naquilo me fazia bem, acalmava o espírito agitado no momento. Era bom...

Minha reação foi de levantar daquela cama dura, e dar sinais de vida após o meu sono profundo - como fez minha irmã logo após a chegada de seus pais, que nem deram a mínima importância para a minha presença no local, como se fosse uma fantasma ou algo assim.


Pude sair tranquilamente da sala, sem ser notada, e pegar minha mochila que estava ao pé daquele ser insuportável. Ele me observava, silenciosamente, arrumar-me e sair da sala - se manifestando apenas após ver que iria para fora do colégio, ignorado minha irmã e a presença de meus pais.



Quando avisou ao meu pai que estava na porta de saída do colégio, admito que não esperava sequer movimentação do mesmo. Apenas olhei para trás e o vi sorrindo para mim. Aquele sorriso que logo sumiu ao ver minha face sem emoção e quase coberta pelas lágrimas que já estavam preparadas.

Achei que, com aquele gesto, ele iria reagir. Talvez me impedir de ir embora... Mas não. Ele ficou lá, me observando com a mão já na porta de saída da escola. Quase como se quisesse dizer para eu ir embora, e que não gostaria de ver-me mais. Uma lágrima ou outra foi caindo ao chão. Minhas.

Estava inutilmente esperando algum tipo de reação do mesmo. Mas ele apenas me olhava com os olhos gélidos, sem emoção ou preocupação comigo. E foi assim que eu saí de lá: com os olhos cheios de lágrimas e o coração esmagado.



"Do que adiantava estar cercada de pessoas que você ama, mas que nem ligam para a sua existência?" Foi o que sussurrei. Antes de sair em disparada pela porta e apenas escutar os meus próprios passos e a pulsação rápida ao ouvido.

Eu era, sempre fui, ignorada por todos. Desde o dia inicial a minha vida. Na qual fui simplesmente jogada em um lugar qualquer e achada por pessoas caridosas, que cuidaram de mim até eu ser adotada. Pessoas que realmente queriam o meu bem, e me amavam. Queriam o melhor para mim.

A única coisa que consigo lembrar de ouvir depois daí é o meu nome. Ele saiu em pânico de alguém distante. E bem, é claro, eu lembro quando tudo escureceu após um veículo rápido bater em mim. Aquilo realmente me matou, por dentro e por fora.

Depois, eu só lembro de dores realmente fortes e um homem pegando-me no colo aos choros. Apenas pude dizer Adeus, mesmo que bem fraco, baixo. Quase impossível de se escutar. Foi aí que tudo acabou: com tristeza e minha saída de um lugar aonde era tão querida e não sabia.

Status da Ana: Chorando após escrever esse texto triste e por ser fraca demais para aguentar ¬¬  

8 comentários:

  1. Deus o.O Isto tocou-me :'( O texto está realmente super bem escrito, mas é tão triste D: Nem quero imaginar que histórias destas existem na vida real :c

    Kiss~

    from Niik ll Letter of Pain (perfil)

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  2. Meu Deus, sua escrita continua ótima <3
    Texto legal. Beijos, e pare de voar!

    semprefuiestranha.blogspot.com | SEMPRE FUI ESTRANHA

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  3. 'o' que triste... :'( Chorei, foi você quem escreveu isso? Porque se foi, parabéns <3

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    1. Obrigada <3

      ~ Foi sim, flor. Desculpa, não era a intenção fazer pessoas chorarem. -sqn AHSUSH'

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  4. Acho que vou chorei ): Foi você que escreveu ? Chocando de mais, parabéns ! No começo, pensei que fosse sua história de vida realmente (é ?), mas depois, pensei que não. Enfim... Amei o texto !

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